quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

A HISTÓRIA DA PSICOLOGIA




Olá pessoal, tudo bem?

Enquanto organizava alguns trabalhos antigos encontrei um artigo que escrevi em 2011 sobre a história da Psicologia, então decidi publicá-lo aqui, caso sirva de ajuda para alguém.


RESUMO

“A psicologia possui um longo passado, mas uma história curta”, esta frase foi escrita pelo psicólogo, pioneiro na psicologia experimental, Hermann Ebbinghaus. É interessante observar que dentro deste paradoxo existe uma concordância, pois como é apresentado neste artigo a psicologia apenas surgiu como ciência em 1860 através do psicólogo alemão Wilhen Wundt, este o qual também liderou o movimento estruturalista, contudo muitos séculos antes vários pensadores, filósofos e teólogos já questionavam sobre a natureza humana.

A psicologia possui suas raízes no quarto e quinto século A.C. e foi através dos filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles que iniciou-se os estudos profundos da mente. Sócrates contribuiu através dos seus pensamentos sobre a razão como essência humana. Platão deu um grande passo ao definir um lugar para a razão no corpo humano, sendo esta a cabeça. Aristóteles inovou ao afirmar que a alma e o corpo não podem ser separados, ou seja, a alma como principio ativo da vida.

Após a contribuição de Wundt como fundador da psicologia cientifica, o mesmo iniciou o movimento Estruturalista que visava o estudo estrutural e funcional da consciência, dividindo-a em partes. Logo surgiram opositores, dentre estes o influente psicólogo norte-americano William James que liderou um novo movimento, o Funcionalismo que tinha como objetivo o estudo do funcionamento dos processos mentais para auxilio do ser humano. Neste mesmo período surge uma nova visão teórica, através do psicólogo Edward Thorndike, o Associacionismo que analisava os processos da aprendizagem por meio da associação de idéias.

Em 1912 nasce um novo movimento, o Behaviorismo difundido através das idéias do psicólogo norte-americano John B.Watson, que visava o estudo do comportamento através da observação e de métodos objetivos. Enquanto o Behaviorismo crescia na América outro movimento aflorava na Alemanha, a Gestalt. A Gestalt ou psicologia da estrutura padrão, interessava-se em compreender a percepção, o pensamento e a resolução de problemas. Este movimento também foi opositor ao Estruturalismo e ao Behaviorismo.
Paralelamente ao movimento da Gestalt, surge outro movimento na Europa que veio a ser um dos mais conhecidos e difundidos na história da psicologia, a Psicanálise. A Psicanálise foi criada pelo conhecido e importante médico neurologista Sigmund Freud, e busca compreender de forma cientifica diversos “processos misteriosos” como as fantasias, sonhos, esquecimentos, desejos, angústias e medos inconscientes. Freud revolucionou a Psicologia através dos seus estudos sobre os processos mentais (Inconsciência, consciência e Pré-consciência/Id, Ego e Superego).

Ainda hoje todos estes movimentos sobrevivem através de vários psicólogos em todo mundo que seguem movimentos diversos. A psicologia cresce e muda a cada dia, mas suas raízes fundamentais continuam as mesmas, a alma, natureza humana ou mente, pois apesar de sofrer inovações e mudanças lembremos que a Psicologia é uma ciência nova, mas com um longo passado.

 
1. INTRODUÇÃO E ORIGEM

Desde o princípio, quando o homem se percebeu como ser pensante, ele vem buscando compreender o complexo ambiente onde ele se insere tentando explicar tanto os fatos e transformações deste mundo externo como as situações e ocasiões do misterioso mundo interno. Foi através dos vários questionamentos sobre este universo interior que bem recentemente surgiu como ciência a Psicologia.

O termo Psicologia vem do grego "psyché", que significa alma, e de “logos” que significa razão, portanto etimologicamente, Psicologia significa "estudo da alma". A alma era concebida como a parte imaterial do ser humano, a parte que abriga todos os sentimentos, pensamentos, desejos, vontades e percepções.

É com Sócrates, (469-399 a.c) filósofo grego, que a Psicologia na antiguidade ganha consistência. Sua principal preocupação era com o limite que separa o homem dos animais. Desta forma, postulava (pedir com instância) que a principal característica humana era a razão. A razão permitia ao homem sobrepor-se aos institutos, que seriam a base da irracionalidade. Ao definir a razão como peculiaridade do homem ou como essência humana, Sócrates abre um caminho que seria muito explorado pela Psicologia.

O passo seguinte é dado por Platão (427-347 a.c), discípulo de Sócrates. Esse filósofo procurou definir um "lugar" para a razão no nosso próprio corpo. Definiu esse lugar como sendo a cabeça, onde se encontra a alma do homem.

Aristóteles (384-322 a.c), discípulo de Platão, foi um dos mais importantes pensadores da história da Filosofia. Sua contribuição foi inovadora ao postular que a alma e o corpo não podem ser dissociados. Para Aristóteles, a psyché seria o princípio ativo da vida.

Foram os filósofos acima citados, Sócrates, Platão e Aristóteles, que levantaram questionamentos e reflexões sobre o funcionamento da mente. Preocupavam-se com a mente com muitos processos que eram desconhecidos e que precisava ser estudada devidamente.

Hipócrates, considerado o "pai da medicina", fez muitas observações importantes acerca de como o cérebro controlava outros órgãos. Ele representa a primeira tentativa científica de compreender o cérebro na vida humana, tanto em sua função como em seu significado.

Questões como consciente, inconsciente, percepção da realidade e tantas outras tão importantes agora quanto há dois mil anos atrás, lidam com a natureza da mente e dos processos mentais. Além disso, é interessante que por mais clássica que seja a palavra psicologia, ela só surgiu no século XVIII, quando Cristian Wolff empregou este termo para significar uma disciplina, então, fazendo parte da filosofia. Era a parte da filosofia que estudava a natureza e as faculdades da alma.

Em 1860, um psicólogo alemão Wilhen Wundt fundou uma disciplina que chamou eventualmente de Psicologia. Sendo então ele o fundador da Psicologia como ciência. Wundt em 1879 na universidade de Leipzig, na Alemanha, criou o 1º laboratório experimental de psicologia, sendo esse o marco histórico da psicologia estabelecendo-se como ciência.


2. ESTRUTURALISMO, FUNCIONALISMO E ASSOCIACIONISMO

Wundt tornou-se o líder do movimento conhecido como Estruturalismo. Ele vai tentar saber como a consciência funciona e com quais estruturas, como se a consciência pudesse ser dividida em partes. Os psicólogos estruturalistas deveriam estudar a consciência humana tentando descobrir e relacionar as estruturas que levam e causam a consciência. Tendo em vista estas e outras falhas, novos movimentos surgiram para estudar e entender a mente humana.

Voltando ao assunto do surgimento da psicologia como ciência: William James (1842-1910), um dos mais influentes psicólogos norte-americanos, se opunha ao estruturalismo porque o via como artificial, limitado. A consciência, argumentava James, é pessoal e única e está em contínua mudança evoluindo com o tempo e sendo seletiva na escolha dentre os estímulos que a rodeavam. James falava da capacidade do ser humano de se adaptar ao seu ambiente.

Por estudar o funcionamento dos processos mentais para auxiliar o ser humano, esse movimento ficou conhecido como Funcionalismo e influenciou muito a psicologia norte-americana, tanto que muitos dos postulados do Funcionalismo sobreviveram e se encontram incorporados a atual abordagem conhecida como psicologia cognitiva (Cognição - Conjunto de processos mentais: pensamento, percepção, classificação, reconhecimento, etc...).

Enquanto uns se dedicavam às estruturas e outros ao funcionalismo, Edward Thorndike (Principal representante do Associacionismo) se dedicava a teoria de aprendizagem. O termo Associacionismo origina-se da concepção de que a aprendizagem se da por um processo de associação de idéias das mais simples às mais complexas. Assim, para entender o conteúdo complexo, a pessoa precisaria primeiro aprender as idéias mais simples, que estariam associadas aquele conteúdo, Ele formulou a Lei do Efeito.

De acordo com essa lei, todo comportamento de um organismo vivo (um homem, um pombo, um rato etc...) tende a se repetir, se nos recompensarmos (efeito) o organismo assim que este emitir o comportamento. Por outro lado, o comportamento tenderá a não acontecer, se o organismo for castigado (efeito) após sua ocorrência. A partir desses conceitos surgem às escolas de Psicologia, com o propósito de saber como era o funcionamento mental.


3. BEHAVIORISMO

John B. Watson (1878-1958), psicólogo norte-americano que teve como orientador um professor Funcionalista, resolveu fazer da psicologia uma ciência respeitável como as ciências físicas. Sentiu que os psicólogos deviam estudar o comportamento observável e adotar métodos objetivos. Em 1912, quando Watson começou a fazer conferências e a escrever para difundir seus pontos de vista, nasceu o movimento conhecido como Behaviorismo (Provindo do inglês "behavior", que significa comportamento). Este movimento teve muitos seguidores e teóricos que amadureceram e abrangeram a teoria dos comportamentos e provavelmente seu maior representante e estudioso tenha sido B.F.Skinner.


4. GESTALT

Enquanto o Behaviorismo floresceu na América, a psicologia da Gestalt ("gestalt" vem da palavra alemã que significa forma, estrutura, padrão) crescia na Alemanha.

Os psicólogos da Gestalt acreditavam que as experiências trazem consigo uma característica de totalidade ou de estrutura. A Gestalt surge também como forma de protesto contra o estruturalismo, visto como fraco por conduzir experiências complexas da natureza humana a elementos simples (Em sua obsessão pela precisão e pelo comportamento observável, os behavioristas também foram culpados e criticados por esta prática).

Os psicólogos da Gestalt se interessavam em compreender a percepção, o pensamento e a resolução de problemas. Eles acreditavam que a psicologia devia estudar as experiências subjetivas conscientes das pessoas e encorajavam também o uso de métodos objetivos. Como o humano percebia e como selecionava (Teoria perceptiva da Figura-Fundo) a sua experiência e se relacionava com esta, foi descrito e estudado pela Gestalt.

O movimento da Gestalt foi forte e solidário, sua filosofia traçou a direção da psicologia na Alemanha e, mais tarde, influenciou a psicologia norte-americana (Sobretudo no estudo da percepção). Vários enfoques contemporâneos mostram a marca inconfundível da psicologia da Gestalt (Entre estes o humanista e o cognitivo).


5. PSICANÁLISE

Em paralelo ao movimento da Gestalt, surge outro movimento na Europa que veio a se tornar um dos mais conhecidos e difundidos na história da psicologia, o movimento Psicanalista.

Sigmund Freud (1856-1939), médico, neurologista vienense se especializou no tratamento de problemas do sistema nervoso. Considerado "Pai da psicanálise", ousou colocar os "processos misteriosos" do psiquismo, suas "regiões obscuras" como fantasias, sonhos, esquecimentos, como problemas científicos. A investigação sistemática desses problemas levou Freud à criação da Psicanálise. Este termo é usado para se referir à teoria e à um método de investigação cujo elemento principal é a associação livre.

Por processo inconsciente, Freud, referia-se às crenças, medos, desejos e angústias dos quais as pessoas não têm consciência, mas que independente disso influenciam o comportamento humano. Freud estudou profundamente os processos mentais (Inconsciente, consciência e Pré-Consciência / Id, Ego, Superego) e fez toda uma teoria e tratamento baseado nas suas descobertas.

A teoria psicanalítica criou uma revolução na concepção e tratamento dos problemas emocionais e gerou interesse entre os psicólogos acadêmicos pela motivação inconsciente, a personalidade, o comportamento anormal e o desenvolvimento infantil.

As ideias psicanalíticas ainda se encontram muito vivas atualmente, tanto em sua forma original como nas numerosas modificações que sofreram. Vários movimentos e ramificações ocorreram a partir da Psicanálise... Assim como várias ramificações cresceram e se atualizaram a partir das idéias Behavioristas,da Gestalt, do Funcionalismo e do estruturalismo.

Temos eventualmente uma infinidade de psicólogos, cada um com sua linha de pensamento: seja psicanalista, gestaltista, comportamental, existencialista, humanista, neobehaviorista, cognitivista e assim por diante. A ciência da psicologia continua a crescer e a mudar, e não se pode ainda ser colocada dentro de uma forma única. Embora os psicólogos contemporâneos raramente sigam movimentos específicos, eles discordam em alguns pontos filosóficos fundamentais e abordam a psicologia de modos claramente distintos.

A psicanálise enquanto método de investigação caracteriza-se pelo método interpretativo, que busca significado oculto daquilo que é manifesto por meio de ações e palavras ou pelos sonhos, associações livres e os atos falhos. Diferente da observação do comportamento que é o principal método utilizado pelo behaviorismo.

A análise busca o auto-conhecimento, baseando-se no funcionamento intrapsíquico. Podemos observar que o esquecido é sempre algo penoso para o sujeito por isso era esquecido. E o penoso não significa, necessariamente, algo ruim, mas pode se referir a algo bom, que se perdera ou que fora intensamente desejado. Dessa forma o trabalho terapêutico os faz dar livre curso as suas idéias, as suas associações.

A essa força psíquica que se opunha a tornar consciente, a revelar o pensamento, Freud denominou de resistência. E repressão, o que visa encobrir, fazer desaparecer da consciência, uma ideia ou representação que esteja na ordem do insuportável que está na origem do sintoma (Mecanismo de defesa).


6. CONCLUSÃO

A mente humana é uma área de estudos que ainda mantêm-se no mistério, pois apesar da variedade de estudos e pesquisas nesta área o nosso conhecimento neste assunto ainda é muito vago por isso a busca e pesquisa fazem-se tão necessárias quanto nos séculos que se passaram. A humanidade esta se desenvolvendo gradativamente e num futuro bem próximo alcançaremos uma melhor compreensão de nós mesmos, mas em nossa atual situação devemos nos preocupar nas questões que são tão negligenciadas, a moralidade, o equilíbrio e principalmente o afeto não só com nós mesmos, mas com todo ambiente e seus elementos. A observação do comportamento e da natureza humana não deveria ser apenas responsabilidade da Psicologia ou Filosofia, mas sim de todos nós, pois observando e compreendendo a nós mesmo entenderemos melhor todos os problemas que nos permeiam neste complexo e infinito universo.


7. REFERÊNCIAS

PSICOLOGIA, 07 de fevereiro de 2010.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologia
Acesso em 07 de Fevereiro de 2010.

UM BREVE RESUMO DA HISTÓRIA DA PSICOLOGIA, 22 de junho de 2008.
Disponível em: http://www.scribd.com/doc/3050392/Um-Breve-Resumo-da-Historia-da-Psicologia
Acesso em 07 de Fevereiro de 2010.

SANTOS, Pablo. História da Psicologia. 20 de agosto de 2007.
Disponível em: http://pt.shvoong.com/medicine-and-health/comparative-medicine/1652545-hist%C3%B3ria-da-psicologia/
Acesso em 07 de Fevereiro de 2010.

LINDA L. Davidoff, Introdução à Psicologia, SP, McGraw-Hill do Brasil, 1983

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